A Rita foi a uma reunião de avaliação semestral do seu filho de 4 anos e a educadora iniciou a reunião dizendo aos pais que tinha perguntado aos filhos o que eles queriam que os pais fizessem na reunião e a resposta foi praticamente unânime: “Brincar”.
Ora, esta mensagem parece refletir algo que, de um modo geral, já nos temos apercebido, quer enquanto profissionais ligados à educação, quer enquanto profissionais que intervêm no âmbito familiar, ou só com as crianças, ou só com os pais: Como se têm relacionado os pais com os filhos? A relação estabelecida é de qualidade? E o que pode ser mudado perante essa mesma reflexão?
Tem vindo a ser cada vez mais recorrente na literatura a referência às mudanças decorrentes do grande avanço tecnológico que se têm verificado desde o início do século XXI e que nos têm conduzido a um reposicionamento relativamente à forma como nos relacionamos com os outros.
Estas mudanças, associadas ao reduzido tempo que os pais passam atualmente com os filhos por questões de trabalho, entre outras exigências, têm vindo a influenciar a qualidade dos relacionamentos dos pais com os filhos. Por outro lado, é importante referir que alguns pais não têm consciência da importância do carinho consistente e precoce na promoção de um vínculo emocional da criança aos seus progenitores (Honig, 2000).
A relação entre ambos, pais e filhos, pressupõe um mútuo envolvimento. No entanto, compete aos pais a transmissão de um sentimento de segurança e de autoconfiança que, por sua vez, exercem influência determinante na construção dos vínculos afetivos, da autoestima e do autoconceito que, consequentemente, são transferidos para outras situações que envolvam a interação social (Volling & Elins, 1998).
Diversos estudos evidenciam a importância da qualidade da relação entre pais e filhos no desenvolvimento da criança (Cia et al. 2006), sendo que, o vínculo estabelecido desde cedo com os filhos tem repercussões que levam ao desenvolvimento das crianças e, consequentemente, de adultos mais seguros de si e que conseguem estabelecer relacionamentos estáveis com os outros, havendo evidências de que os laços afetivos contribuem não apenas para o desenvolvimento emocional, como também previnem vulnerabilidades de caráter biopsicossocial (Freitas et al. 2020).
Num estudo realizado por Ferreira e Marturano (2002), concluiu-se que os pais de crianças sem problemas de comportamento são aqueles que estão mais disponíveis para apoiar os seus filhos no que concerne ao estudo e ao lazer, tomando uma posição mais proativa na educação dos seus educandos.
Por tudo isto, é fundamental ter sempre presente a importância crucial do relacionamento entre pais e filhos e, por conseguinte, de se pôr em prática o que se sabe sobre o tema e este é o grande desafio que se coloca a todos os pais.
Trabalhar na relação Pais/Filhos, seja de forma preventiva ou de intervenção (decorrente, por exemplo, de problemas de comportamento apresentados pela criança), trará grandes benefícios para ambos.
Por este motivo, deixamos aqui uma sugestão de intervenção para os técnicos que trabalham para uma melhoria na relação pais/filhos: O Promove – Pais. Este é um guia teórico e prático que fornece relevantes informações acerca das práticas e habilidades sociais educativas a ser aplicadas na interação com as crianças e jovens, numa perspetiva preventiva, visando o desenvolvimento saudável da criança.
Para que possa conhecer melhor esta obra, disponibilizamos o Índice do programa, assim como o acesso ao webinar realizado pelas suas autoras.
Referências
Cia, F., de Sousa Pereira, C., Pereira Del Prette, Z. A., & Del Prette, A. (2006). Habilidades sociais parentais e o relacionamento entre pais e filho. Psicologia em Estudo, 11(1), 73-81.
Ferreira, M. C. T., & Marturano, E. M. (2002). Ambiente familiar e os problemas do comportamento apresentados por crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 15(1), 35-44.
Freitas, Patrícia Martins de, Costa, Raphael Silva Nogueira, Rodrigues, Marianna Santos, Ortiz, Bruna Rafaela de Assis, & Santos, Júlio César dos. (2020). Influência das relações familiares na saúde e no estado emocional dos adolescentes. Revista Psicologia e Saúde, 12(4), 95-109. https://dx.doi.org/10.20435/pssa.vi.1065
Honig, A. S. (2000). Raising Happy Achieving Children in the New Millenium. Early Child Development and Care, 163, 79-106.
Volling, B. L., & Elins, J. (1998). Family relationships and children's emotional adjustment as correlates of maternal and paternal differential treatment: A replication with toddler and preschool siblings. Child Development, 69(6), 1640-1656.
Apresentação
SEÇÃO 1: Problemas de comportamento e habilidades sociais infantis na interface com práticas educativas familiares
SEÇÃO 2: Intervenções para prevenir ou tratar problemas de comportamento
SEÇÃO 3: Promove – Pais
Promove - Pais: descrição das sessões
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