A Perturbação de Personalidade Borderline (PPB) é caraterizada por um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem, nos afetos e por uma grande impulsividade. Normalmente, os seus sintomas começam no início da idade adulta.
De acordo com o DSM-V (2014), uma pessoa precisa de apresentar pelo menos cinco dos nove critérios de diagnóstico que a seguir se apresentam, para ser diagnosticada com PPB:
As características mais distintivas dos pacientes com PPB são a sua hipersensibilidade à rejeição e a sua preocupação com o abandono esperado. Os pacientes com esta perturbação sentem que as suas vidas não valem a pena viver, a menos que estejam ligados a alguém que acreditem realmente "preocupar-se". No entanto, a sua perceção de "preocupar-se" envolve, normalmente, níveis irrealistas de disponibilidade e de validação. Dentro de tais relações, uma idealização inicial pode mudar drasticamente para desvalorização quando a rejeição é percebida. Para além desta separação externa, as pessoas com PPB têm também uma divisão interna, ou seja, existe uma tendência a considerarem-se uma boa pessoa que foi maltratada (caso em que predomina a raiva) e uma pessoa má cuja vida não tem valor (caso em que pode ocorrer comportamento de mutilação ou mesmo suicida). Esta divisão é também evidente no pensamento dicotómico a preto e branco ou tudo ou nada.
A PPB é habitualmente diagnosticada em jovens adultos, mas alguns sinais começam a manifestar-se na adolescência. Os primeiros sinais incluem problemas com a imagem, vergonha, a procura de relações exclusivas, extrema sensibilidade à rejeição e problemas comportamentais, incluindo comportamentos de mutilação. Embora estes sinais também possam ocorrer em adolescentes sem PPB, a sua presença é preditiva de incapacidade social a longo prazo e um aumento do risco de PPB.
O principal tratamento para a PPB é a psicoterapia, com uma duração média de 2 a 3 horas por semana durante 1 ou mais anos, efetuada por psiquiatras ou psicólogos que tenham recebido formação específica em conjunto com supervisão contínua. As primeiras sessões devem incluir uma discussão sobre o diagnóstico, a validação e reconhecimento das preocupações que os pacientes manifestem sobre o diagnóstico e o estabelecimento de objetivos de mudança que sejam de curto prazo e viáveis. Alguns exemplos de tais objetivos são começar a tomar medidas para se sentirem melhor (isto é, deixar uma situação de grande tensão ou tomar um medicamento), pedir ajuda antes de perder o controlo, melhorar os horários de sono, fazer exercício, frequentar um grupo de ajuda (por exemplo, Alcoólicos Anónimos), e voltar a falar com amigos ou familiares de quem se tenha afastado.
Caso queira conhecer melhor este tema, aconselhamos a leitura dos nossos livros Manual do bom manejo clínico para transtorno de personalidade borderline e Como lidar com o transtorno de personalidade limítrofe - Borderline.
Psychologist - Sales, Marketing & Training
Guia prático para familiares e pacientes