Nos últimos 30 anos, o número de casos de autismo tem vindo a aumentar progressivamente. São três as possíveis causas: (1) a consciencialização sobre o tema (que abrange não só os profissionais de saúde e os cuidadores, mas também a população em geral); (2) as alterações nos critérios de diagnóstico; e (3) a importância atribuída à avaliação do desenvolvimento infantil. Apesar das estimativas variarem (devido à alteração dos critérios de diagnóstico e à heterogeneidade da própria perturbação) pensa-se que na Europa a sua prevalência varie entre 1% e 1.5%, com um claro enviesamento no que diz respeito à variável sexo (nas crianças existe um rácio de 3-4 rapazes por cada rapariga). Sobre a prevalência em Portugal, são 2 os estudos que merecem o nosso destaque: “Epidemiologia do autismo em Portugal: um estudo de prevalência da perturbação do espectro do autismo e de caracterização de uma amostra populacional de idade” 2 de Guiomar Gonçalves de Oliveira (2005) e “Prevalência da perturbação do espectro do autismo na região Centro de Portugal: um estudo no âmbito do projeto ASDEU”3 publicado em 2020 no Boletim Epidemiológico Observações do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. No estudo publicado em 2005 as taxas de prevalência para Portugal continental variaram entre 0.24% (Algarve) e 1.25% (Centro), correspondendo o valor médio a 0.92%. No caso do estudo publicado em 2020 que incidiu, apenas, na região Centro, a prevalência foi de 0.50%. Este resultado é comparável às estimativas encontradas em vários países europeus, sendo expectável encontrar valores em Portugal que não se afastam significativamente deste valor. Quanto ao decréscimo relativamente ao estudo de 2005, este poderá dever-se a alterações nos critérios de diagnóstico, que foram revistos para o DSM-5.