Segundo Gil-Monte1, o burnout é uma resposta psicológica ao stresse crónico no trabalho, de caráter interpessoal e emocional, e que aparece em profissionais de organizações de serviços que trabalham em contacto com clientes da organização. Esta resposta caracteriza-se:
- pelo comprometimento cognitivo, ou seja na perda de entusiasmo pelo trabalho, no desencanto profissional ou na baixa realização pessoal no trabalho;
- por uma deterioração afetiva, caracterizada por exaustão emocional e física e;
- pelo aparecimento de atitudes e comportamentos negativos para com os clientes e a organização, sob a forma de comportamentos indiferentes, frios, distantes e, às vezes, até lesivos.
Ocasionalmente, estes sintomas são acompanhados de sentimentos de culpa.
O impacto do burnout vai muito além do ambiente profissional, afetando também a vida pessoal, o bem-estar e as relações sociais e familiares. Além disso, os custos económicos são igualmente significativos, quer para os indivíduos (por exemplo, perda de salário, gastos adicionais com consultas e tratamentos), quer para as organizações (por exemplo, diminuição da produtividade, absentismo e presentismo). Só em Portugal, estima-se que o stresse e o burnout custem às empresas 3,2 mil milhões de euros por ano.2
O burnout é uma realidade presente em diversos setores, desde a área da saúde até à educação, passando pelo setor empresarial. Determinadas profissões, que implicam contacto muito próximo e envolvimento emocional com os outros - como é o caso dos Profissionais de Saúde, das Forças de Segurança e dos Professores ou dos Educadores– são particularmente vulneráveis ao desenvolvimento do burnout. No entanto, existe ainda uma lacuna no que diz respeito à deteção precoce e à prevenção do burnout.
As organizações necessitam de instrumentos com validade psicométrica para realizar uma avaliação adequada das consequências dos riscos psicossociais e, em particular, do burnout. O CESQT - Questionário para a Avaliação da Síndrome de Burnout3, surge como uma ferramenta valiosa para a avaliação do burnout. Desenvolvido com critérios objetivos e adaptado à realidade portuguesa, o CESQT permite a identificação dos sinais de burnout, possibilitando uma intervenção mais rápida e eficaz.