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PHDA: Compreender, avaliar e intervir

PHDA-Compreender, avaliar e intervir

Compreender...

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento que afeta crianças, adolescentes e adultos, interferindo significativamente em áreas fundamentais da vida, como a escola, o trabalho e os relacionamentos. As principais características da PHDA incluem dificuldades de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade. Estas dificuldades estão etiologicamente associadas a alterações neurobiológicas e a défices neurocognitivos específicos.1,2

As pessoas com PHDA apresentam uma grande dificuldade em inibir e ajustar o comportamento à situação ou tarefa específica, e enfrentam frequentemente dificuldades de aprendizagem e no relacionamento com os pares, problemas de ajustamento psicossocial, dificuldades em cumprir regras, imaturidade, entre outros. Estes sintomas variam em intensidade e podem manifestar-se de forma diferente em cada indivíduo, condicionando significativamente o seu desempenho em diversos contextos da vida (e.g., escolar, social e profissional). 2 A compreensão da PHDA vai além da simples observação dos comportamentos visíveis, exigindo uma abordagem holística que tem em consideração fatores biológicos, psicológicos e ambientais.

Avaliar...

A complexidade da avaliação de crianças, adolescentes e adultos com suspeita de PHDA, reside na ausência de marcadores biológicos específicos. O diagnóstico é feito, sobretudo, com base em indicadores clínicos associados ao facto dos sintomas se verificarem em mais do que um contexto de vida do indivíduo (por exemplo, na escola e em casa).3 

A avaliação psicológica é uma parte crucial do processo diagnóstico da PHDA - envolve uma perspetiva abrangente que procura compreender a extensão e a natureza dos sintomas apresentados -, contribuindo para a elaboração de um plano de intervenção eficaz. 3,4 Desta forma, o processo de avaliação pode (e deve) envolver: 

  1. Entrevistas clínicas detalhadas com o indivíduo com suspeita de PHDA e, quando possível, com pais, professores ou outros cuidadores, para obter informações sobre o histórico de desenvolvimento e de apresentação dos sintomas.

  2. Utilização de questionários e/ou escalas de avaliação estandardizados, como por exemplo a EDAH, que ajudam a quantificar e qualificar os sintomas observados. Estas escalas geralmente envolvem avaliações feitas por pais, professores e, em alguns casos, pelo próprio indivíduo. Estes questionários oferecem uma visão abrangente dos sintomas, permitindo uma análise comparativa em diferentes contextos.

  3. Avaliação do desempenho académico para identificar padrões de dificuldades e desafios específicos na escola.

  4. Observação comportamental em diferentes ambientes para compreender as variações nas manifestações dos sintomas e o seu impacto na vida cotidiana.

  5. Avaliação das funções cognitivas, como a atenção, memória e funções executivas (áreas frequentemente afetadas na PHDA), para ajudar a identificar possíveis áreas de dificuldade.

  6. Exclusão de outras condições médicas ou psicológicas que possam estar a contribuir para os sintomas, de forma a garantir uma avaliação e diagnóstico precisos.

  7. Outras avaliações complementares necessárias.

Intervir...

A intervenção na PHDA é multifacetada – envolve abordagens farmacológicas, terapia comportamental, treino cognitivo, psicoeducação e adaptações ambientais4 -, e desempenha um papel crucial na gestão e melhoria da qualidade de vida dos indivíduos com PHDA. Esta deve incluir ações que visam capacitar os indivíduos que convivem com a PHDA a superar obstáculos, e a promover a sua autoestima e bem-estar. 

A intervenção neuropsicológica tem se mostrado uma grande aliada no desenvolvimento de funções cognitivas e na melhoria da qualidade de vida de crianças e adolescentes com diferentes perturbações do neurodesenvolvimento ao promover treinos cognitivos, alterações de comportamentos e melhoria na regulação emocional por meio da educação e do treino das funções cognitivas comprometidas. 3 São vários os programas de intervenção que têm sido publicados e que podem ser úteis na área da PHDA. Destacamos três… a Aventura Pirata, o PAY ATTENTION! e a Ali, a elefanta.

A avaliação e a intervenção na PHDA exigem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais como psicólogos, psiquiatras, pediatras e educadores, e a participação dos pais/cuidadores. Os sintomas têm de ser enquadrados de acordo com a idade, fase de desenvolvimento e condições reais de vida familiar, social e escolar do indivíduo. Com o diagnóstico adequado e o suporte apropriado, os indivíduos com PHDA podem aprender a gerir os seus sintomas e alcançar um melhor funcionamento em diferentes áreas das suas vidas. 

As nossas sugestões para a área da PHDA...

Referências bibliográficas

1American Psychological Association. (2014). DSM-5™ - Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, Climepsi Editores.

2Moura. O. (2024). Portal da Hiperatividade / Défice de Atenção. Acedido em 31/01/2024], de hiperatividade.com.pt

3Carreiro, L., Teixeira, M., & Junior, A. (ano). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade na clínica, na escola e na família: Avaliação e intervenção. Editora Hogrefe CETEPP.

4Thapar, A., & Cooper, M. (2016). Attention deficit hyperactivity disorder. Lancet (London, England), 387(10024), 1240–1250. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)00238-X

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Inês Nunes

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