Damos as Mãos no Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

A Organização Mundial de Saúde, instituiu o dia 10 de setembro como Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Com aproximadamente 800.000 pessoas a morrerem por suicídio no Mundo, todos os anos, o que corresponde aproximadamente a 1 morte por suicídio a cada 40 segundos, esta data tem o intuito de sensibilizar e convocar os países membros para a definição de estratégias destinadas a prevenir o suicídio, que constitui um problema de saúde pública.

Em Portugal os dados parecem indicar que se suicidam, pelo menos, 3 pessoas por dia. Estima-se que em Portugal — como no Mundo — as mortes por suicídio possam ser ainda em maior número, uma vez que o seu registo nem sempre é feito devidamente. Paralelamente, vários estudos indicam que o número de tentativas de suicídio é cerca de 25 vezes superior ao número de suicídios.

Neste sentido, faz sentido clarificar a diferença entre os vários comportamentos suicidários:

• Pensamentos ou Sentimentos Suicidas. Ter pensamentos, fantasias e preocupações com a morte, no geral, e com o acabar com a própria vida, em particular. Podem variar entre pensamentos e sentimentos abstratos sobre acabar com a própria vida ou pensar detalhadamente em métodos de suicídio e num plano para o concretizar. Ter pensamentos ou sentimentos suicidas não significa que a pessoa se suicide, mas constituem um fator de risco para que isso aconteça.

• Tentativa de Suicídio. Corresponde a qualquer ação propositada, com uma intenção implícita ou explícita de morrer, independentemente da probabilidade do método escolhido realmente causar a morte.

• Suicídio. Quando alguém, intencionalmente, quer acabar com a sua vida e morre como resultado das suas ações nesse sentido.

Os motivos que levam alguém a tentar suicidar-se podem ser muitos e complexos. O suicídio pode afetar pessoas de todas as idades e em qualquer momento do ciclo de vida. Uma interação de fatores sociais, psicológicos e culturais pode ajudar a explicar os comportamentos suicidários.

De acordo com INE, temos acesso a dados relativos à população portuguesa até 2014. Segundo este organismo:

  • O suicídio em Portugal representa 11,7 mortes por cada 100 mil habitantes. Saiba mais aqui.

  • As causas do suicídio em Portugal foram, ao longo dos anos, contabilizadas em registo manual. Contudo, desde a implementação do sistema eletrónico de informação para a certificação dos óbitos, deixou de ser possível encerrar a certidão de óbito sem atribuir uma causa concreta (50.7%  - enforcamento, estrangulamento e sufocação; 11.9%  - meios não específicos; 9.3% - disparo de arma de fogo; 9.2%  - autointoxicação; 8% - precipitação de um lugar elevado; 6.9%  - afogamento e submersão; 3.9%  - outros meios específicos). Saiba mais aqui.

  • Em média, o suicídio ocorre 3,75 vezes mais frequentemente entre homens do que entre mulheres (registrando-se em 2012 um pico de 4,7 vezes mais). Saiba mais aqui.

  • A tendência da taxa de mortalidade por suicídio aumenta com a idade. Em 2014 os valores mais elevados concentra-se no grupo das pessoas com mais de 75 anos (23,6%). Saiba mais aqui.

  • A taxa de mortalidade por suicídio tem vindo a crescer em todas as regiões do país, com exceção da região do Alentejo e do Algarve, devido a uma intervenção no ano 2007, por serem regiões que apresentavam mais do dobro da média das restantes. O Alentejo e o Algarve, continuam, contudo, a apresentar as percentagens mais elevadas quando analisamos a distribuição percentual de suicídios, pelas várias regiões do país. Saiba mais aqui.

Fatores de Risco. 

Vários fatores podem contribuir para o risco de suicídio. Estes fatores não causam ou permitem prever um suicídio, mas aumentam a probabilidade de alguém considerar morrer por suicídio:

  • Existência, no momento presente, de um plano de suicídio.
  • Tentativa de suicídio prévia.
  • História de problemas de Saúde Psicológica, nomeadamente se este não for tratado.
  • Acesso a meios letais.
  • História de abuso físico ou sexual.
  • História familiar de problemas de Saúde Psicológica e de suicídio.
  • Existência de uma doença grave, incapacitante ou dor crónica.
  • Acontecimentos traumáticos recentes na vida pessoal.
  • Situações de vulnerabilidade.
  • Falta de apoio social e sentimentos de solidão.
  • Crença de que o suicídio é uma solução “nobre” para um dilema pessoal ou uma “resposta” para problemas graves.
  • Exposição ao suicídio (na vida real ou através dos media e da internet).

Fatores de Proteção.

Vários fatores diminuem a probabilidade de alguém considerar morrer por suicídio e podem promover a resiliência durante situações de vulnerabilidade. Por exemplo:

  • Acesso a cuidados de Saúde Psicológica.
  • Restrição de acesso a meios letais que permitam o suicídio.
  • Rede de apoio social e conexões fortes com familiares, amigos e restante comunidade. As relações que estabelecemos com os outros podem ajudar-nos a viver mais e mais felizes.
  • Competências socio-emocionais de resolução de problemas, resolução de conflitos e de gestão de dificuldades de forma adaptativa.
  • Crenças religiosas ou culturais que desencorajam o suicídio.

Em caso de emergência, ligue 112 (INEM).

Em situação de crise, ligue 808 24 24 24 (Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24).

Referências

- https://expresso.pt/podcasts/que-voz-e-esta/2023-09-10-Dia-Mundial-da-Prevencao-do-Suicidio-85-a-90-das-pessoas-que-morrem-por-suicidio-tem-uma-doenca-mental.-E-o-principal-fator-de-risco-65eb0670;

- https://www.lusiadas.pt/blog/doencas/sintomas-tratamentos/suicidio-importancia-prevencao;

- https://www.spsuicidologia.com/sobre-o-suicidio/estatistica;

- European Statistics Competition. Agrupamento de Escolas de Coimbra Centro. Saúde Mental. Taxa de Suicídio;

- Nunes, Alexandre Morais (2018). Suicídio em Portugal: um retrato do país. Jornal Brasileiro de Psiquiatria 67(1):25-33. DOI: 10.1590/0047-2085000000180;

- OPP (2021). Vamos falar sobre suicídio? Documentos para a Promoção da Literacia em Saúde Psicológica e Bem-Estar.

 

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Ana Cartaxo

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