A qualidade das avaliações, decisões e/ou diagnósticos feitos com base em instrumentos de avaliação psicológica depende, entre outros fatores, da comparação dos resultados obtidos pelo sujeito avaliado com os resultados de uma população equivalente no que respeita a características sociodemográficas relevantes para as variáveis que estão a ser avaliadas.
Para clarificar este aspeto, vamos dar alguns exemplos (muito simples ou, mesmo, simplistas) em diferentes áreas de intervenção da Psicologia:
Não tem qualquer sentido comparar os resultados obtidos por um sujeito de 65 anos de idade num teste de avaliação neuropsicológica com os resultados médios de indivíduos com 25 anos de idade. Em Portugal, dados os níveis de iliteracia da nossa população e do conhecimento que já temos acerca do impacto que este aspeto tem no funcionamento cognitivo, o mais correto será comparar os resultados deste sujeito com os de sujeitos da mesma idade e com o mesmo nível de literacia.
Na orientação vocacional, seria estranho comparar os resultados obtidos por um adolescente do 9º ano de escolaridade num questionário de interesses profissionais com os resultados da população adulta, e vice-versa.
Num processo de seleção, é grande o risco de ser tomada uma decisão errada acerca do potencial intelectual de uma pessoa com o 12º ano de escolaridade, se os resultados que obtém numa bateria de testes de aptidões forem comparados com os resultados médios de sujeitos com formação superior em engenharia.
O problema é que a realidade raras vezes é assim tão linear e é frequente os profissionais serem confrontados com questões que desafiam esta lógica aparentemente simples.
Em especial no domínio da Psicologia das Organizações, há questões que são recorrentes e relativamente às quais gostaríamos de partilhar o nosso ponto de vista. Chamemos-lhes as FAQ’s acerca da utilização de tabelas de normas.